BARCELONA 2 x 2 CHELSEA: CLASSIFICAÇÃO HERÓICA DOS BLUES

24/04/2012 18:57

 

Depois da vitória do Chelsea, na semana passada, muito se falou sobre a provável queda de rendimento do Barcelona. Piqué pediu respeito e Guardiola, sempre modesto, desta vez afirmou que estaria na final. E o técnico surpreendeu em sua escalação inicial, sacando o eficaz Daniel Alves e voltando com Piqué na zaga. Taticamente, essa foi a disposição inicial da partida:

 

 

Pep Guardiola repetiu o W-M (3-2-2-3) que havia utilizado contra o Real Madrid pelo Campeonato Espanhol. Montou uma linha de três na defesa, com Busquets e Xavi de volantes, estando o primeiro mais preso na marcação e o segundo organizando o jogo. Messi e Fábregas entraram como meias ofensivos, tendo pela frente uma veloz linha de três atacantes, com Iniesta e Cuenca bem abertos pelas pontas e Sanchéz flutuando pelo centro de ataque.

Já Di Matteo, veio, teoricamente, com seu 4-2-3-1 da última partida. Porém, podemos dizer que seu desenho tático foi alterado pela sua estratégia de jogo. Como colocou Ramires e Mata na marcação, montou praticamente duas linhas de quatro, tão tradicional e repetitiva no futebol inglês. O técnico do Chelsea, visivelmente tentou se valer da mesma receita que Mourinho usou para desclassificar o Barça, na semifinal da Champions 09/10. Na oportunidade, o técnico português colocou Zanetti marcando pela direita e Eto’o marcando pela esquerda, montando outra linha de quatro no meio, povoando bastante a intermediária ofensiva do Barcelona.

Entretanto, os estudos táticos e estratégicos foram relevantemente alterados, visto que o jogo mudou muito durante a realização do primeiro tempo. Cahill e Piqué se contundiram, dando lugar, respectivamente, para Bosingwa e Daniel Alves. Assim, Ivanovic voltou para a zaga (sua posição de origem) e Daniel foi jogar de terceiro zagueiro, pelo lado direito da defesa espanhola. Depois Terry foi expulso, fazendo Bosingwa virar zagueiro e Ramires lateral direito.

Com muita movimentação, e constantes trocas de posições, o Barça fez seu jogo e rodou a bola, realizando triangulações e arrumando espaços na defesa adversária. Para se ter idéia da intensidade, da citada movimentação, no momento do segundo gol, Daniel Alves, zagueiro pela direita, estava na meia esquerda ofensiva do time blaugrana.

Podemos dizer que no primeiro tempo, o Barça foi aquele time intenso e insistente que, com sobras, dominou o futebol mundial. Conseguiu fazer dois gols, arrumar uma expulsão, acuar o adversário e ficar com esmagadora posse de bola. Mas, um golaço de Ramires, escapando pela direita, em outro excelente passe de Lampard, mudou toda a história da partida.

O segundo tempo se tornou, ainda mais, um jogo de defesa e ataque. Daniel Alves virou ponta com Cuenca centralizando, tudo para abrir espaços para seus avanços. O Chelsea se fechou como pode, com Ramires voltando na função de lateral. No aspecto defensivo, podemos dizer que o brasileiro realizou com brilhantismo a função.

O Barcelona foi forte até o pênalti que Drogba fez em Fábregas, muito bem marcado pelo auxiliar. Quando Messi caminhou para a bola, seu olhar de apreensão demonstrava sua falta de segurança. Aquela gorduchinha que explodiu no travessão, assim como o golaço de Ramires, foram fatores determinantes para a classificação, heróica e inesquecível para a história dos Blues. Com muita garra e aplicação tática, o Chelsea venceu e derrubou o gigante em sua própria arena, diante de 95.000 torcedores. Torres somente sacramentou, sozinho, o que já era esperado por todos que acompanhavam a partida.

Parece que o Barcelona volta a ser “somente” mais um grande time, do mesmo nível de outros grandiosos do hodierno futebol mundial, não conseguindo mais, apesar de tentar, impor aos adversários aquela disparidade absurda de desempenho. Hoje pode ter sido o dia em que o Barcelona deixou de ser super, diferenciado e encantador. O que vocês acham? É o fim de um ciclo? Obrigado pela presença!

 

 

 Victor Lamha de Oliveira