SUÍÇA 1 x 0 BRASIL: JOGO DISPUTADO EM BLOCO E GOL CONTRA MARCARAM O DUELO

14/08/2013 21:19

 

Em entrevista antes da partida, Felipão comentou sobre a forte e conhecida marcação da Suíça, tradicionalmente identificada pelo ferrolho que arma contra seus adversários. Scolari também declarou que tinha consciência sobre a dificuldade de fazer gols na equipe de Hitzfeld. A Suíça chegou portando ótimos números antes do duelo contra o Brasil. O time vermelho, líder do Grupo E das Eliminatórias Européias, não perdia há nove partidas. Nas Eliminatórias, em seis jogos fez oito gols e levou apenas um.

 

Painel tático do primeiro tempo: Suíça e Brasil jogaram no 4-2-3-1 procurando a compactação dos setores. A partida foi disputada em bloco, coadunando com os preceitos do futebol moderno. Ninguém fazia questão da posse de bola. O importante era retomá-la e tentar tocá-la rápido em busca do espaço. Luiz Gustavo e Paulinho inverteram bastante de lado, sendo mais importante o delineamento de suas funções. Luiz Gustavo era primeiro volante e cuidava de Xhaka, enquanto Paulinho tinha liberdade para alinhar-se a Oscar, desenhando por vezes, na transição ofensiva, um 4-1-4-1. Outra função do ex-volante do Corinthians era dar o primeiro bote, algo bem semelhante ao que Schweinsteiger fazia no Bayern que venceu a última Champions. Já Luiz Gustavo retornou com menos freqüência para fazer a saída de bola, o que foi comum na Copa das Confederações.

 

 

Marcação e compactação do time suíço: circulados em vermelho, os oito homens que compunham as duas linhas de quatro. Circulado de amarelo, o meia central Xhaka, responsável pelo primeiro bote e também posicionado atrás da linha da bola. Na frente, somente o centroavante Seferovic. Percebam a proximidade das linhas e o encurtamento dos espaços. Na imagem, Thiago Silva com a bola nos pés e todas as linhas de passe fechadas.

 

 

O Brasil mostrou uma tentativa interessante na busca por espaço, com Hulk abrindo pela direita e recebendo o auxílio de Paulinho e Oscar. Isso propiciava mais espaços para Neymar e Fred no flanco oposto, deixando os atacantes no mano a mano com a defesa adversária. Quando fez essa jogada e acelerou o toque de bola com movimentação, o Brasil chegou ao gol suíço.

 

 

Brasil marcando pressão a saída de bola do adversário. A Suíça começou avançando as linhas, mas, a partir dos 7’, o Brasil também se compactou e adiantou a equipe, buscando  fechar as linhas de passe dos donos da casa.

 

 

Scolari também comentou, antes da partida, sobre a diminuição de espaços: “Quanto mais você diminuir o espaço e compactar, mais presença física você terá”. E foi assim que o Brasil jogou, tendo como função precípua a compactação dos setores e a marcação pressão na saída de bola do adversário. Ofensivamente, Hulk ficou mais fixo pela beirada com Neymar, Oscar e Fred se movimentando mais. No geral, tivemos uma partida muito equilibrada, sobretudo no que concerne à marcação.

Durante a primeira etapa, por vezes Neymar veio fazer o ponta de lança e Oscar jogou pelo flanco, variação que Felipão gosta de utilizar. Para liberar mais Neymar da recomposição, Oscar recebeu incumbências defensivas maiores, como ajudar a cobrir o lado esquerdo. Apesar da postura ofensiva do Brasil, foi complicado finalizar com a triplicação da marcação que os suíços imprimiam pelo centro e pelos lados do campo. Mesmo assim, com muita marcação, as duas seleções tiveram boas oportunidades de gol.

Ao retomar a bola, o time de Hitzfeld jogava de forma vertical e imprimia transições velozes, assim como o Brasil. A equipe de Scolari fez um primeiro tempo competitivo, teve um pênalti não marcado e reiterou a forma de jogar da Copa das Confederações. Marcando forte e chegando junto, o escrete canarinho conseguiu ser protagonista, porém cedeu muitos espaços na intermediária e nos lados do campo. Abaixo o painel tático da etapa complementar:

 

Até os 10’, o Brasil atuou com Hulk pela esquerda, Oscar pela direita, Paulinho mais liberado e Neymar pelo centro, o que livrou o craque do Barcelona da recomposição. Entretanto, com o gol contra de Daniel Alves aos 2’, Felipão resolveu mudar e testar outra variação quase sempre utilizada, que é o 4-3-3 com Hernanes compondo o meio.

 

 

4-4-1-1 dos dez primeiros minutos da etapa complementar.

 

 

O técnico suíço fez quatro alterações, entrando Barneta, Schar, Lang e Gravanovic. O esquema tático não foi alterado, mas a compactação foi ainda mais latente. Já Felipão fez seis alterações. Saíram Daniel Alves, Marcelo, Luiz Gustavo, Oscar, Hulk e Fred. Em suas vagas entraram Jean, Maxwell, Fernando, Hernanes, Lucas e Jô. Assim, o Brasil ficou desenhado no 4-3-3, com Hernanes recuando para iniciar a saída de bola e Paulinho avançando quase como um meia de criação. Entretanto, de nada adiantou. Modificada e sem criatividade, a Seleção foi presa fácil para a forte marcação suíça, que abriu mão totalmente da posse de bola, deixando o Brasil rodá-la sem perigo e longe da área.

 

 

Flagrante tático do 4-3-3: Hernanes recuando para armar o jogo e Paulinho se posicionando como meia.

 

 

O Brasil voltou mal para a segunda etapa e ainda teve a infelicidade de tomar um gol no segundo minuto do reinício da partida. Depois do tento, o time suíço abriu mão de jogar e se pautou no contragolpe, o que embargou o 4-3-3 de Felipão. Mas, apesar da derrota, podemos extrair do jogo algumas boas notícias, como a manutenção da estratégia que se mostrou moderna e vencedora na Copa das Confederações. A Seleção Brasileira continua jogando de forma européia, atuando para retomar a bola. Hoje, faltou um toque brasileiro na construção e na finalização das jogadas. Abraço!

 

 

 

 

Victor Lamha de Oliveira

 

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