SANTOS X CORINTHIANS

04/03/2012 21:11

 

Santos x Corinthians : Breve análise do clássico

 

No grande clássico paulista, que pode se repetir na Libertadores da América, nada de muito novo no plano tático. O Corinthians de Tite, como de costume, entrou postado no seu 4-2-3-1 hodierno, com Jorge Henrique quase como um ponta esquerda, Willian pela direita, Alex na articulação e Adriano no centro de ataque.

Já o Santos de Muricy, veio armado no uma espécie de 4-4-2 losango, com Henrique mais preso na marcação, Arouca e Ibson marcando e tentando jogar com Ganso, sendo este o articulador do esquema. Na frente, flutuando pelo ataque, Neymar e Borges, com a costumeira movimentação de sempre.

Cabe ressaltar que Muricy Ramalho conseguiu nessa escalação impor seu apreço aos aspectos defensivos, com praticamente três volantes na meiuca, mas também valorizou a técnica e a ofensividade do elenco, escalando jogadores polivalentes como Arouca e Ibson, que marcavam e chegavam ao ataque, devido à qualidade técnica que possuem. Esse foi o desenho tático da partida no primeiro tempo:

 

Primeiro tempo com o Corinthians recuado e estático no seu óbvio 4-2-3-1. Já o  Santos jogando num 4-4-2 losango, com Ibson e Arouca saindo para o jogo e cuidando também da marcação. Faltou criação porque Ganso ficou encaixotado entre os dois volantes do Timão.

 

O primeiro tempo foi caracterizado por uma forte marcação, praticada pelas duas equipes, ficando o aspecto técnico em segundo plano. O primeiro chute ao gol, de forma mais incisiva, foi apenas aos 22 minutos de jogo, com Alex batendo de fora da área. No rebote, Adriano, impedido, matou na canela e deixou escapar.

O Timão, ajustado em campo e com a marcação certíssima, parecia ter “preguiça” em sair para o ataque, comportamento que proporcionou um adiantamento da equipe do Santos, que a partir dos 25 minutos passou a dominar as rédeas do jogo.

A esquerda foi o desafogo do ataque do Peixe, que por lá criou boas jogadas, sempre com Juan, Neymar e a chegada de Arouca. Aos 36 minutos, Neymar, pelo citado flanco esquerdo, teve a melhor chance da partida. Porém a bola passou perto da trave, saindo pela linha de fundo.

A organização tática e defensiva do time corintiano deve ser salientada, afinal, o time de Adenor foi impecável nos dois aspectos. Um exemplo disso foi a postura tática de Jorge Henrique. Como já citado, quando o Timão tinha a bola, o jogador se posicionava praticamente como um ponta esquerda. Já sem a pelota, ficava grudado no lateral direito santista, impedindo que o mesmo avançasse ao ataque.

O time de Tite marca muito forte, com organização e obediência tática, mesmo jogando sem todos os seus titulares, visto que alguns foram poupados em virtude do jogo de quarta feira pela Libertadores. O último bom lance do primeiro tempo foi uma jogada de Arouca, agora caindo pela direita. No cruzamento, a finalização de Borges foi abafada com precisão pelo zagueiro corintiano.

No segundo tempo, o Corinthians voltou alterado para campo, afinal Jorge Henrique e Willian trocaram de lado, invertendo as posições. A intenção do treinador corintiano era fechar as descidas perigosas de Juan, transformando Jorge Henrique, praticamente, num defensor, diminuído ainda mais as possibilidades de ataque do Coringão. Porém, quem voltou melhor, foi o Santos. Logo aos 3 minutos, Neymar puxou a bola de bicicleta na entrada da área, encontrando Borges livre. O atacante fez o gol, indevidamente anulado pelo árbitro da partida.

A grande virtude de Muricy, no segundo tempo, foi adiantar o posicionamento de Ibson, conferindo mais liberdade para que o jogador auxiliasse Ganso na criação de jogadas, transformando-o num meia de criação e colocando o Santos para jogar praticamente num 4-2-2-2. Com a chegada de Ibson, Ganso recuou um pouco, fugindo da marcação e ficando como um maestro, com o supracitado meia flutuando pelo ataque, junto de Borges e Neymar.

Aos 6 minutos, ótima jogada de Jorge Henrique pela direita, que tocou para Adriano chutar de primeira, livre na entrada da pequena área. Quase que o Imperador fez o primeiro gol do clássico. Logo após, aos 13 minutos, numa enfiada de bola, com o toque de maestria de Paulo Henrique Ganso, Ibson entrou como elemento surpresa, se projetando em espaço aberto pela esquerda da defesa corintiana. O meia entrou livre e tocou na saída de Júlio César, anotando o primeiro gol da partida. Deu certa a tática de Muricy. Assim foi o desenho tático do segundo tempo:

 

No segundo tempo o Corinthians continuou recuado, tendo de novidade apenas a inversão de Jorge Henrique com Willians, com fulcro de obstar as descidas perigosas de Juan. No Santos, Arouca ficou mais preso com Henrique na marcação, sendo Ibson liberado para auxiliar Ganso na criação, caindo assim pelos dois lados e puxando a marcação dos volantes. Desta feita o espaço se abriu para a genialidade de Ganso brilhar.

 

No lance do gol, a defesa corintiana, até então irretocável em seu posicionamento, falhou ao marcar em linha, esquecendo de Ibson, adiantado de forma inteligente por Muricy, que deve ter observado a defensividade excessiva de seu adversário. Após o gol, a bola ficou no pé da equipe Santista, afinal, o time corintiano, recuou e chamou a equipe da baixada para jogar em seu campo de ataque. Aos 20 minutos, quase que Ibson, de novo, e em outra enfiada de bola, agora pela direita, faz o segundo.

Neymar, em outra ótima oportunidade, quase ampliou, sendo o Corinthians salvo por Júlio César. Mesmo com as alterações de Tite, que procuraram aumentar o volume do jogo ofensivo corintiano, o domínio da partida continuou com o time de Muricy. O técnico do Corinthians tirou Willian e colocou o peruano Ramírez, assim como posteriormente tirou também o inoperante Adriano, colocando Élton em sua vaga. De nada adiantaram as mudanças realizadas, continuando o Corinthians sem levar qualquer perigo ao gol adversário.

Não podemos dizer que Muricy deu um nó tático em Tite. Mas podemos afirmar que o primeiro teve uma tarde muito mais feliz que a do segundo. Apesar de ser um time muito certo em campo, e bem fechado na defesa, o Corinthians está previsível no ataque e na sua disposição tática como um todo, além de ter jogado muito atrás durante todo o clássico.

Em suma, três palavras resumem a atuação do Corinthians: organização, marcação e ineficácia. O Santos, entretanto, deve ser resumido em quatro palavras: organização, marcação, ofensividade e Ganso. A habilidade e o proposta de ataque do Peixe o erigiram a essa importante vitória. Mais uma vez quem deu a bola foi o Santos.

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                                                                                         Victor Lamha de Oliveira

 



 

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