REAL MADRID 3 x 0 CELTA DE VIGO: ANCELOTTI CONSEGUE DESTRANCAR A RETRANCA NA ETAPA FINAL

06/01/2014 21:41

 

O Real Madrid entrou em campo pressionado, necessitando da vitória. Com Barcelona e Atlético de Madrid oito pontos à sua frente, o time merengue precisava dos três pontos para encostar-se à briga e aos rivais na ponta da tabela. E Luis Enrique sabia disso. Por isso montou um 4-1-4-1 para encaixar no 4-2-3-1 do adversário, tirando o espaço pelo meio e alocando um volante entre as linhas. O técnico do Celta abandonou totalmente a posse de bola e apostou no contragolpe para tentar surpreender o adversário.

 

Real no 4-2-3-1 e o Celta em um aplicado 4-1-4-1. A equipe visitante marcou forte e apostou no contragolpe pela direita com Mallo, Rafinha, Fernandéz e Charles, que também caía no setor. Para poder usar o contra-ataque pela direita e forçar com velocidade na transição ofensiva, Luis Enrique prendeu Orellana e López um pouco mais, ficando os dois mais fixos para ajudar Oubiña na marcação pela intermediária.

 

 

O Real teve a posse maciça da pelota, mas o mesmo número de finalizações do adversário, que somente atacava nos contragolpes. Carlo Ancelotti, italiano tão afeito ao sistema defensivo, hoje se viu diante de uma retranca muito bem estruturada por Luis Enrique. O treinador do Celta montou uma marcação individual por setor que se compactava e tinha profundidade ao retomar a bola. O time merengue sofreu muito com a marcação forte pelo meio, o que não deixou Isco e Modric pensarem o jogo.

Ancelotti sabia que tinha que mudar na etapa final. Ainda no primeiro tempo, aos 38’, centralizou Di María, colocou Isco pela esquerda e abriu Ronaldo pela direita. De nada adiantou. Como dito, a marcação individual por setor e a compactação do adversário dificultaram a fluência ofensiva do time da casa. Outra variação constante na transição ofensiva era Ronaldo habitando a área com Benzema e Isco aberto pela esquerda. Mas, a citada variação também não proporcionou nenhuma melhora.

Vejam a progressão da posse de bola no primeiro tempo: 10’ Real 73% x 27% Celta; 30’ Real 74% x 26% Celta; 40’ Real 67% x 33% Celta. Mesmo assim, com tanta supremacia na posse, os merengues finalizaram somente 6 vezes, mesmo número do adversário. Sem contar que na etapa inicial o brasileiro Rafinha foi o melhor em campo e a melhor chance foi do Celta, sendo esta incrivelmente desperdiçada pelo atacante Charles, outro brasileiro em campo. Abaixo o painel tático da etapa complementar:

 

Na segunda etapa, o Real intensificou o “abafa”. No papel, a entrada de Illarramendi no lugar de Alonso, feita no intervalo, não alterou taticamente o 4-2-3-1 do primeiro tempo. Mas, estrategicamente houve uma mudança substancial. Illarramendi entrou praticamente como um terceiro zagueiro, para que Marcelo e Carvajal subissem mais livres para o ataque. Cristiano Ronaldo continuou pela esquerda, mas muito mais próximo da área, quase como um segundo atacante. Marcelo ficou responsável pela profundidade no flanco esquerdo. Já Luis Enrique tirou López e colocou o norueguês Krohn-Dehli, procurando alimentar seu meio de campo com mais criatividade.

 

 

Aos 16’, Carlo Ancelotti tirou o insosso Isco e colocou o garoto Jesé. Aos 19’, Bale entrou na vaga de Di María. O treinador italiano prendeu um pouco mais os laterais e alocou Ronaldo no ataque ao lado de Benzema. A tentativa era arrumar espaço e tentar propiciar ao time o mano a mano na transição ofensiva. E foi esse 4-4-2 britânico que decidiu a favor do Real, além da ótima atuação de Jesé, entendido pela maioria como o melhor jogador da partida. Luis Enrique colocou Nolito e deslocou Rafinha para o meio, mas o volume de jogo ofensivo do Celta não foi alterado.

 

 

No primeiro tempo, tivemos uma partida equilibrada e o Celta foi perfeito em suas aspirações táticas. Na etapa complementar, outro cenário. Inflamado e alterado de forma correta, o Madrid avançou totalmente suas linhas, colocou um volante com gás para “morder” na meia cancha e dominou por completo o duelo. Aos 21’, Benzema fez o primeiro após passe de Jesé. Depois, Ronaldo marcou duas vezes (37’ e 47’), jogando como centroavante e recebendo passes laterais de Carvajal e Bale.

Esse 4-4-2 pode ser a saída para que o volume de jogo ofensivo do Real seja mais letal. Bale e Illarramendi não podem ficar na reserva desse time. A primeira decisão de Ancelotti, se quiser manter o 4-2-3-1 de forma competitiva, é escolher entre Alonso e Modric. Já Isco vem jogando mal, o que piora manter um craque como Bale no banco. O italiano, se quiser, pode centralizar Di María e abrir Bale pela direita, o que não o obrigaria abrir mão do 4-2-3-1. Abraço!

 

 

 

 

Victor Lamha de Oliveira