MILAN 0 x 1 SAMPDORIA: CHEGADA DE KAKÁ É UMA NECESSIDADE

27/08/2012 02:42

 

A estréia do Milan no Campeonato Italiano foi decepcionante, frustrando o torcedor rossonero que compareceu ao San Siro. As saídas de Thiago Silva e Ibrahimovic foram amplamente sentidas na trágica estréia do rubro negro de Milão. Mesmo jogando em casa contra a Sampdoria, que acabou de voltar da segunda divisão, perdeu jogando um futebol insosso e sem criatividade. Robinho foi exceção, porém saiu com problemas físicos no início da segunda etapa.

No plano tático, o técnico da Sampdoria Ciro Ferrara escalou um time extremamente defensivo, postado num compacto 4-4-1-1. O brasileiro Éder, um dos destaques da partida, fazia o meia-atacante do referido esquema usado pelo time de Genova. Já Massimiliano Allegri, após as perdas de Cassano, Ibra e Thiago Silva, iniciou o Campeonato Italiano apostando num 4-3-3 veloz que joga com dois atacantes bem abertos e um totalmente centralizado. Esse foi o painel tático do duelo na primeira etapa:

 

 

Com um time desmontado após a perda das estrelas maiores do elenco, Allegri apostou em velocidade pelas pontas e consistência pelo meio. Assim, a criatividade e a posse incisiva da bola ficaram prejudicadas. O Milan dominou o primeiro tempo, entretanto não foi agressivo, intenso ou perigoso. Robinho e El Shaarawy tentavam abrir a defesa da Sampdoria jogando pelas pontas. Ainda assim, o ferrolho genovês mantinha-se intransponível, muito pela sua eficácia, mas também devido à falta de criatividade no meio campo do Milan.

O 4-3-3 de Allegri foi montando com uma trinca de volantes guarnecendo a linha de três atacantes para que ela pudesse ficar mais livre pelos flancos. Desta forma, colocou Montolivo como volante central e incumbido de armar o jogo vindo de trás. Flamini e Nocerino eram volantes pelos lados. Marcavam e tentavam sair para o jogo nos corredores laterais que existem no meio de campo.

Na frente, Robinho jogava aberto e centralizava constantemente para armar o jogo, tabelar e tentar penetrar na área. Boateng fazia uma espécie de falso 9, também recuando para armar e El Shaarawy jogou bem aberto pela ponta direita. A direita era a opção de velocidade do time. Pela esquerda, o antigo rei das pedaladas era uma opção mais concisa de trabalho de bola. Robinho foi uma boa saída diante da inoperância do meio de campo diante da criação de jogadas.       

O brasileiro, aliás, era a única saída ofensiva do time rossonero. A bola sempre chegava aos seus pés. E Robinho respondeu bem na função de referência ofensiva, cargo que antes pertencia a Ibrahimovic. Entretanto, apesar do domínio o Milan nada produziu de concreto. Faltou criatividade no meio e uma transição mais rápida da defesa para o ataque. Montolivo pouco criou, assim como os volantes laterais.

Na segunda etapa, Allegri fez algumas modificações. Porém, a tática e a estratégia permaneceram iguais. Aos 10’ da segunda etapa, entrou Pazzini (atacante envolvido na troca por Cassano com a Inter de Milão) e saiu El Shaarawy. Aos 13’ saiu Robinho que sentiu uma fisgada na coxa e entrou seu sósia Emanuelson. Desta feita, Boateng foi para a direita, Emanuleson ficou aberto na esquerda e Pazzini foi para a ponteira de ataque. Esse foi o desenho tático milanês na segunda etapa:

 

 

Apesar das modificações, aos 14’, após bela cobrança de escanteio, o defensor Costa subiu mais que a defesa e cabeceou com classe para o gol. Após o tento, a Sampdoria passou a jogar com nove atrás da linha da bola e o Milan foi para o “abafa”. Mesmo assim, a equipe de Allegri apresentava as mesmas falhas do primeiro tempo: falta de criatividade, dificuldade de prender a bola no ataque, ponteiros muito abertos, volantes inoperantes na criação e falta de compactação. Além de jogar distante, faltaram habilidade e inspiração no time rubro-negro.

Montolivo foi vaiado no final da partida. Concordo que o meia jogou mal e rendeu abaixo da expectativa, porém a culpa não pode recair sobre o atleta. Montolivo jogou muito atrás e não conseguiu avançar para criar com a incumbência de fazer o volante central. Apesar de voluntarioso, o jogador não tem a técnica e o senso de posicionamento que Pirlo exibe quando executa essa função.

No final do duelo, o Milan teve três grandes chances para empatar. Aos 40’, Emanuelson, que estava caído, conseguiu dar o passe para Pazzini, que estava sozinho dentro da área. Mas, o centroavante chutou sem força para uma defesa tranquila de Romero, que voltou a salvar a Sampdoria nos acréscimos após uma cabeçada venenosa de Boateng. Poucos segundos antes do apito final, o volante Flamini quase deixou tudo igual na chance mais incrível. Após bate e rebate na área, o francês chutou colocado, com capricho, mas a defesa impediu o gol em cima da linha.

Não deu para o Milan e Galiani fez cara feia no San Siro. Vendo esse meio de campo trabalhador, porém opaco e insosso quando o assunto é talento e criatividade, cada vez mais se torna necessária a volta de Kaká. Seu retorno pode ser a salvação milanesa. Antes do apito inicial, a notícia que corria no San Siro e nos sites italianos era a de que dirigentes do Milan terão uma última reunião com Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, para tentar negociar novamente. A janela de transferências será encerrada na sexta-feira. Com isso, os italianos terão uma semana para convencer Pérez a liberar o brasileiro.

Com Kaká voltando ao time, uma boa opção tática para Allegri é o 4-3-1-2 que foi utilizado por Carlo Ancelotti no Milan que conquistou a Champions com Kaká sendo considerado o melhor jogador do mundo. Com essa formação, o rubro-negro poderia jogar com três volantes voluntariosos, que guarneceriam o trio ofensivo formado pelos brasileiros Robinho, Pato e Kaká. Assim poderia jogar o Milan turbinado pela volta do craque brasileiro:

 

 

O ideal, pela idade e os problemas físicos de Kaká, seria Robinho jogar pela esquerda, compondo a linha de meio quando o Milan estivesse sem a bola. Assim, Kaká ficaria sempre solto como um legítimo meia atacante, encostando-se ao ataque e coordenando as ações ofensivas da equipe. O que era um sonho antigo da torcida tornou-se uma necessidade evidente. Afinal, o começo foi desanimador. Abraço!

 

 

 

 

 

 

 

Victor Lamha de Oliveira