Lescott pela direita? Sério? Ele é canhoto...
Nunca vi ele jogar pela direita.
MANCHESTER CITY 0 x 2 BARCELONA: 4-3-3 DE TATA VENCE AS LINHAS DE PELLEGRINI
Manchester City e Barcelona se enfrentaram hoje pelas oitavas de final da Champions League no Etihad Stadium lotado. Tata Martino elegeu a posse de bole como pilar de equilíbrio do Barcelona na partida e optou pela escalação de Xavi, Iniesta e Fábregas no meio, o que deixou o time sem profundidade pelo flanco esquerdo. A escalação de Navas no lado direito do City prendeu Alba na linha de meio e Messi ficou encaixotado com Sanchéz no ataque blaugrana. Abaixo o painel tático da primeira etapa:
City no 4-4-1-1 e o Barça no costumeiro 4-3-3: Pellegrini encurtou a linha de defesa para congestionar a intermediária e alargou a linha de meio para coibir os avanços dos laterais do adversário. Sem a bola, David Silva circulava para iniciar a armação de jogadas do flanco em direção ao centro. Ressaltando que Fernandinho e Touré alternavam de lado com constância para acelerar a composição de espaços.
Iniesta se posicionou mais atrás e o Barcelona ficou sem profundidade pelo flanco esquerdo, afinal, como explicado, Alba ficou preso na marcação. Pellegrini, de forma inteligente, deixou Kompany na sobra e colocou Demichelis para cuidar de Messi, não necessitando alocar um dos volantes para realizar a função (o que evitou a perda de superioridade numérica pelo meio).
A progressão da posse de bola explica um pouco o que foi o embate na etapa inicial: 10’ City 28% x 72% Barcelona; 15’ City 27% x 73% Barcelona; 20’ City 32% x 68% Barcelona; 30’ City 35% x 65% Barcelona; 35’ City 36% x 64% Barcelona; 45’ City 38% x 62% Barcelona. A equipe catalã começou tomando conta da posse, mas não conseguiu levar perigo com Messi encaixotado. Já a equipe inglesa foi escapando desse domínio aos poucos, enfatizando a força física na marcação e buscando sair em velocidade.
O chileno Pellegrini respeitou a escola Barcelona e a genialidade de Messi, fechando bem sua equipe em linhas de marcação. Cabe ressaltar que a linha de meio entortava para pressionar a saída no flanco em que o Barça escolhia para iniciar a jogada, o que acelerava o encurtamento dos espaços. Além de equilibrar a partida após os 15’, o Manchester City foi mais incisivo e perigoso do que o rival que deteve mais a pelota nos pés. O time de Tata foi castigado pela obviedade estática e o City foi mais vivo no primeiro tempo.
Na segunda etapa, o time da casa voltou ignorando a posse e se fechou para jogar no contragolpe. Já o Barcelona retornou com mais aproximação para propiciar as tabelas curtas. Mas, a expulsão de Demichelis aos 8’, após falta em Messi na entrada da área, mudou toda a história da partida e facilitou bastante para o time de Martino. O juiz, em lance controverso, marcou pênalti que Messi converteu com tranqüilidade. Abaixo o painel tático da etapa complementar:
Após a expulsão de Demichelis, Pellegrini sacou Kolarov, Navas e logo depois Negredo. Em suas vagas entraram Lescott, Nasri e Dzeko. O City ficou armado em um 4-4-1, com Silva e Nasri centralizando para aproximar de Dzeko na transição ofensiva. Já Tata colocou Neymar e Sergi Roberto nas vagas de Sánchez e Fàbregas sem alterar o posicionamento e a estrutura tática.
Mesmo mal organizado para quem tinha um atleta a mais em campo, o Barcelona conseguiu ampliar com Daniel Alves aos 44’. O lateral tabelou com Neymar, aproveitou-se de escorregão de Clichy e tocou entre as pernas de Hart para marcar o segundo dos visitantes. Na etapa final, o Barça teve 65% da posse em praticamente todo o tempo, mas ainda falta para a equipe de Tata ser mais incisiva e cuidar dos espaços que concede nos flancos defensivos.
O City trocou 345 passes durante a partida, sendo 168 no campo de ataque. Já o Barcelona trocou 817 passes, sendo 537 no campo de ataque. O time catalão pode ter perdido força física para pressionar com a marcação alta e retomar a bola em seu campo de ataque, mas ainda possuí muita técnica no meio para jogar mais a frente com a bola nos pés, o que ainda lhe proporciona posse tão superior contra a maioria dos rivais. Falta é organizar um sistema de compensações para os contragolpes que tem concedido aos oponentes.
Pellegrini foi bem e tentou ceifar o tik-taka mais letal que sempre desemboca nos pés velozes de Messi. Sua estratégia vinha funcionando até a expulsão do argentino Demichelis, que desmontou o sistema. A equipe inglesa se fortaleceu nos últimos anos e hoje viveu esse jogo histórico diante de sua torcida, mas, indo contra o que muitos disseram, o ciclo desse Barcelona ainda não acabou. A geração pode estar perdendo o fôlego, mas os dogmas da escola ainda são pilares fortíssimos na sustentação do time. Abraço!
Victor Lamha de Oliveira