ESPANHA 2 x 0 FRANÇA: FÚRIA SEM ATACANTE VENCE FRANÇA QUE NÃO CONSEGUIU ATACAR

Mesmo sem inspiração e jogando um futebol burocrático, a Espanha não teve qualquer dificuldade para vencer a seleção francesa, que ficou escondida na defesa sem qualquer volume de jogo ofensivo. No plano tático, a Fúria veio postada num 4-2-3-1 que, sem centroavante, e com intensa troca de posições, tornava-se uma espécie de 4-6-0, tendência tática do futuro de acordo com alguns especialistas no assunto. Já a equipe de Blanc veio postada num 4-3-2-1, com uma linha de três volantes à frente da defesa. Entretanto, em algumas situações a França parecia estar jogando num 4-1-4-1 disfarçado, buscando sempre retirar o espaço da equipe espanhola. Esse foi o painel tático da partida:

Antes do jogo, o técnico francês havia declarado que jogar contra a Espanha é ter somente, em média, 30% da posse de bola. Assim, resumiu analisando que para vencer os espanhóis, os adversários devem aproveitar o terço de partida em que ficam com a bola nos pés. Porém, sua equipe teve 45% da posse de bola e não conseguiu atacar a Espanha, terminando a partida sem praticamente uma finalização perigosa.

A equipe espanhola abusou das trocas de posição, ficando mais com a bola nos pés e mantendo sua média de 82% de acertos nos passes. Assim como a Alemanha vem fazendo, decidiu uma partida truncada com a chegada de um volante habilidoso, elemento surpresa no ataque espanhol. Com certeza Xabi Alonso foi o melhor jogador em campo, afinal Xavi, Iniesta, Fábregas e David Silva não estavam inspirados nessa noite de sábado.

No segundo tempo, aos 20 minutos, Blanc fez duas alterações no time francês. Entrou Menez e Nasri, saindo Deguchy e Malouda. Assim, a França voltou para o 4-2-3-1, procurando conseguir atacar, algo que parecia impossível. Estava impressionante a apatia ofensiva do time francês. Já Del Bosque sacou Fábregas e Silva, colocando Fernando Torres e Pedro. Entretanto, nada mudou no cenário da partida. A França continuou inoperante e, afundada em crises internas, mais uma vez volta para casa mais cedo, apesar de ter uma boa seleção. Já a Espanha, mesmo sem inspiração e jogando abaixo do seu alto nível habitual, despachou um time forte sem muito esforço.

No aspecto tático, o mais interessante é esse 4-6-0 montado por Del Bosque. Como dito no início, muitos especialistas acham que a tendência tática, próximo degrau após a “Era do 4-2-3-1”, será uma total versatilidade do meio de campo, com praticamente todos seus componentes incumbidos de atacar e defender. Mesmo Del Bosque escalando esse time, muito mais pela falta de um centroavante de qualidade, devido à má fase de Torres e a ausência de Villa, do que por uma opção tática, esse desenho tático é interessante por já demonstrar em campo uma tendência estratégica do futebol mundial: a extinção do matador, do atacante de ofício, tornando o futebol cada vez mais versátil e participativo. Abraço!

Victor Lamha de Oliveira