BRASIL 4 x 2 ITÁLIA: FAMÍLA SCOLARI VENCE A QUARTA CONSECUTIVA E FICA COM O PRIMEIRO LUGAR DO GRUPO
Contra o Japão, Felipão escalou o Brasil num híbrido 4-2-3-1/4-4-1-1/4-1-4-1 com Neymar mais livre como ponta de lança. Contra os mexicanos, nosso comandante resolveu mudar e escalou a equipe num 4-2-3-1 mais bem definido, com Oscar pelo centro, Hulk pela direita e Neymar pela esquerda. No confronto de hoje com a Itália, Felipão iniciou com o novo craque do Barcelona pelo centro, mas aos 20’ resolveu mudar e colocou Oscar em seu lugar, alocando Neymar pela beirada onde gosta de jogar.
Painel tático da etapa inicial: Seleção Brasileira iniciou no 4-4-1-1 com Neymar como ponta de lança, mas aos 20’ Felipão resolveu mudar e postou o time no 4-2-3-1 com Oscar pelo centro e Neymar à esquerda. Já a equipe de Prandelli veio com o esquema bem parecido, jogando a Itália num 4-4-1-1/4-2-3-1, onde todos marcavam menos Balotelli.
Brasil nos 20’ iniciais: marcação pressão com Neymar e Fred na frente e uma linha de quatro os guarnecendo. Hulk começou pela esquerda. Felipão gosta do atacante por esse lado pela capacidade deste chegar à linha de fundo, o que propicia profundidade para o time. Entretanto, Hulk e Oscar não estavam rendendo bem, o que obrigou Scolari centralizar Oscar e alocar Hulk no flanco oposto, onde está acostumado a atuar e fazer sua jogada característica de centralizar e bater forte para o gol.
Podemos analisar três situações nesse flagrante tático: primeiro, que nesse momento já havia o Brasil mudado a formação inicial. Neymar já estava pela esquerda, Oscar pelo meio e Hulk na direita. Fica também visível o bloco de marcação formado pelas duas linhas italianas. Luiz Gustavo, bem mais preso e jogando perto de Balotelli, propiciou aos laterais subirem com mais liberdade. Por fim, no círculo vermelho se encontra Diamanti, responsável pela marcação dos volantes brasileiros.
Como destacado no intervalo da transmissão da Rede Globo, percebam que a Itália se fechava com 10 jogadores atrás da linha da bola, tanto que na imagem Balotelli (circulado de azul) aparece na linha de meio campo. Luiz Gustavo, no círculo vermelho, ficava limitado com poucas opções na saída de bola, o que se repetiu por vezes. Faltou também mais voluntariedade de Hernanes. Paulinho fez falta. Na primeira etapa, o Brasil teve mais posse, mas não foi perigoso. Mérito da marcação italiana que foi eficaz naquilo que se propôs.
94? Assim como Mauro Silva fazia na equipe do tetra, Luiz Gustavo, por vezes, recua na transição ofensiva e vem iniciar a saída de bola. Com isso, Hernanes e os laterais ganham liberdade para subir ao ataque. Uma velha receita de Parreira para fomentar a produção ofensiva do time. Na imagem, Hernanes está à frente de Oscar e os laterais posicionados como alas.
As várias alterações por motivos médicos não alteraram a composição tática das equipes. A Itália teve que trocar Montolivo e Abate por Giaccherini e Maggio. Já Felipão teve que tirar David Luiz e colocar Dante. Como prometido pelo treinador canarinho, o Brasil fez uma blitz nos minutos iniciais, buscando marcar pressão e adiantar as linhas de marcação. Porém, com a Itália bem posicionada e desprovida de movimentação, a Seleção sofreu dificuldades para atacar e marcar, se tornando faltosa e previsível.
Mas, esse time que está se formando, tem um ímpeto que vem agradando ao torcedor. Jogando em casa e com cinco títulos mundiais na bagagem, a equipe de Felipão não tem se eximido da responsabilidade, buscando sempre a vitória, o que tem garantido gols em momentos cruciais. Aos 45’, em visível dificuldade diante da marcação italiana, Neymar cobrou falta em direção à área. Fred cabeceou e Buffon salvou, mas no rebote Dante bateu de canhota para abrir o placar: 1 x 0 Brasil.
Algumas coisas faltaram na etapa inicial, mas os números foram bem favoráveis ao time brasileiro. As estatísticas do primeiro tempo mostram que o time de Felipão teve 65% de posse e finalizou 9 vezes. Já o time de Prandelli ficou com apenas 35% da posse e finalizou apenas uma vez. O que não deixou tamanha posse se refletir no placar foi a falta de articulação e a omissão de Oscar pelo centro, o que deixou Raniery Medeiros bravo em Natal. Abaixo o painel tático da etapa complementar:
Na segunda etapa, o Brasil voltou no mesmo 4-2-3-1 que passou a usar aos 20’ iniciais. A Itália, atrás no placar, liberou mais Diamanti e Giaccherini, atuando praticamente num 4-1-4-1 bem ofensivo. A persistência de Neymar e o faro de gol de Fred foram fundamentais para a conquista da vitória. Como o próprio Felipão declarou ao final da partida, o time brasileiro já demonstra padrão, mas nem sempre a consistência necessária. Algo normal para um time em formação.
Aos 23’, saiu Neymar e entrou Bernard. Aos 30’, saiu Hulk e entrou Fernando, ficando clara a intenção de Scolari: fechar o meio. O Brasil jogou os 18 minutos finais num 4-3-3 que ainda tinha, além dos três volantes, Bernard pela esquerda, o apagado Oscar pela direita e Fred na ponteira de ataque. O grande detalhe dessa formação final foi que, ao perder a bola, o Brasil se defendia em linhas de quatro, sendo a do meio formada por Luiz Gustavo (esquerda), Fernando, Hernanes e Oscar (direita), ficando Bernard e Fred soltos na frente. A entrada de El Shaarawy no lugar de Diamanti, aos 27’, também mostrou a intenção de Prandelli: fazer gols. Com a entrada do garoto, a Itália passou a atuar num ofensivo 4-3-3.
No segundo tempo, tivemos um jogo movimentado e com muitos gols. Outro traço marcante da etapa final foi o equilíbrio nas ações ofensivas e na posse de bola. Aos 5’, Buffon lançou para frente e Maggio desviou de cabeça. Balotelli, com a técnica habitual, deu passe acrobático para Giaccherini que dominou com classe e bateu cruzado, não dando chance para Julio Cesar. Tudo igual na Fonte Nova. Apesar de não estar organizado da forma que precisava, psicologicamente o Brasil não se abateu, saindo novamente na busca pelo resultado.
Aos 9’, em cobrança genial de falta, que ele mesmo sofreu, Neymar colocou o time da casa novamente em vantagem. A Itália saiu para o jogo e tomou o terceiro aos 21’, com belo gol de Fred que teve origem após preciso lançamento de Marcelo. Chiellini, depois de jogada confusa, diminuiu aos 26’. A Itália veio para o abafa e o Brasil parecia acusar o golpe, até Bernard receber livre pela esquerda aos 42’ e dar belo passe para Marcelo. Após o rebote de Buffon, novamente Fred empurrou para as redes: 4 x 2 para o Brasil.
Duas observações: Fred tem compensando a limitada mobilidade com o inegável faro de gol. E o Brasil, nos 16 minutos de pressão que sofreu após o gol de Chiellini, foi seguro na marcação e tentou novamente alinhar-se sem a bola, mesmo com três volantes em campo após a entrada de Fernando no lugar de Hulk. Felipão tentou recompor o meio, o Brasil buscava a compactação, mas sobravam espaços pelas laterais, muito pela recomposição mal feita e desorganizada. Algo normal numa equipe que vem se consolidando.
De forma geral, o Brasil foi bem. Para uma equipe que não vencia uma campeã mundial desde 2009, a sequência de quatro vitórias, sendo duas em cima de França e Itália, só aumenta a esperança no que tange ao grau de competitividade do time brasileiro. Nessas quatro partidas, o Brasil sempre teve a predominância da posse de bola, fez 12 gols e sofreu apenas os dois de hoje. O preocupante é a queda de rendimento de Oscar, sendo o segundo jogo consecutivo que o menino craque não atua bem. Visivelmente desgastado fisicamente, o garoto tem atuado abaixo do que pode.
Alguns problemas na composição de espaços (principalmente pelos flancos), um pequeno grau de desorganização defensiva e mais movimentação e intensidade na saída de bola são alguns desafios para a nova família Scolari. Hoje, Thiago Silva ficou na sobra e David Luiz, depois Dante, foram os responsáveis pelo primeiro bote. Diminuiu a indefinição, mas ainda faltam adequações. Jogo a jogo, colocando um tijolo de cada vez, Felipão vai moldando esse Brasil renovado e inflamado pelas arenas lotadas. Continuamos na torcida! Abraço!
Victor Lamha de Oliveira
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