BOTAFOGO 1 x 1 FLUMINENSE: CLÁSSICO EQUILIBRADO E RESULTADO JUSTO

16/07/2012 03:14

 

O “Clássico Vovô” disputado nesse domingo, no Engenhão, foi marcado pelo equilíbrio, pela obediência tática e pela ausência de qualidade técnica. Deco e Seedorf foram ausências sentidas, assim como também decepcionou o pequeno público que foi ao estádio, contabilizando apenas 17.122 torcedores. No plano tático, apenas uma novidade sútil no 4-2-3-1 tricolor. No jogo contra o Flamengo, o Flu de Abel jogou num 4-2-3-1 que marcava como um típico 4-4-2 em duas linhas de quatro, com Deco livre para criar (como um meia-atacante) e Fred livre no centro de ataque.

Contra o Botafogo, o tricolor mudou um pouco a estratégia aplicada ao desenho tático. Dessa vez, o Flu veio num 4-2-3-1 que por muitas vezes se tornava um 4-1-4-1, com Edinho de volante na frente dos zagueiros. O Fluminense já usou essa variação tática outras vezes no ano, sendo outra forma de utilizar o 4-2-3-1 com marcação em duas linhas de quatro. Muito dessa variação advém da capacidade de Jean, que marca e sai para o jogo com qualidade. A ausência de Deco e a entrada de Wagner também influenciaram o uso dessa vertente tática.

Já o time do Botafogo veio no costumeiro 4-2-3-1 com Elkeson fazendo uma espécie de “falso 9”. Oswaldo iniciou o primeiro tempo com Vitor Júnior pela direita e Cidinho pela esquerda. Após 30 minutos inverteu os jogadores de lado, repetindo a inversão ainda no primeiro tempo. Esse foi o desenho tático padrão do duelo:

 

 

Os dois gols, no segundo tempo, foram de cabeça. Fred abriu o placar para o tricolor e Andrezinho empatou para o Botafogo. O resultado não foi maravilhoso, mas mantém os times em boa posição na tabela. O Flu, ainda invicto, é o terceiro colocado, com 19 pontos. O Botafogo, que obteve seu primeiro empate na competição, soma 16, na quarta colocação. Assim como o líder Atlético-MG, as duas equipes cariocas também se valem do 4-2-3-1, esquema usado pelo Corinthians campeão da Libertadores e pelo Palmeiras campeão da Copa do Brasil. O referido sistema tático continua predominando com sobra no futebol brasileiro.

O primeiro tempo teve duas partes distintas. Metade teve um domínio pouco agudo do Flu, que sentiu falta de articulação na meiuca. No lado do Bota, Cidinho estava muito mal, o que se somou a falta de experiência de Elkeson como referência de área, ceifando um pouco do volume de jogo ofensivo do time.

Para a segunda etapa, Oswaldo mexeu na equipe alvinegra, retirando o apagadíssimo Cidinho e colocando Fellype Gabriel. O time até melhorou a movimentação e equilibrou suas ações ofensivas, mas continuou errando muitos passes. Como citado, Elkeson, muito isolado e longe de ter o perfil de homem de área, sucumbia à marcação tricolor. Já o Fluminense não contava com um maestro inspirado na armação, recorrendo então para o uso constante da bola aérea.

Eu, sinceramente, achei péssima a escolha de Abel Braga por Samuel. Nada contra o garoto, um belo centroavante que tem tudo para dar muitas alegrias para o Fluminense, mas jogar de meia aberto pela esquerda não é sua praia, o que diminuiu a capacidade do time de criar jogadas de perigo. Além do mais, o comandante tricolor custou a perceber que a velocidade de Welington Nem podia ser uma boa arma para jogar em cima de Azevedo, tática já usada por Abel esse ano contra o Botafogo.

Enfim, o clássico teve muita obediência tática e pouca qualidade técnica. Quem sabe no jogo do returno, com Deco e Seedorf em campo, as duas equipes proporcionem um espetáculo mais artístico, mais plástico, mais encantador. Abel tem gostado de marcar com duas linhas de quatro, tanto numa versão 4-4-2 como numa versão 4-1-4-1. Já Oswaldo tem preparado seu 4-2-3-1 para a chegada de Seedorf. No fim das contas, o empate foi o resultado mais justo. Abraço!

 

 

 

 

 

Victor Lamha de Oliveira