BOCA JUNIORS 1 x 1 CORINTHIANS: BRILHAM AS ESTRELAS DE TITE E ROMARINHO

28/06/2012 03:01

 

Como demonstrado aqui no Painel, na prévia tática do primeiro duelo entre Boca e Corinthians, a partida de ontem, disputada na Bombonera, não trouxe nenhuma novidade do aspecto tático. Julio Falcioni trouxe sua equipe postada no histórico 4-3-1-2 com Riquelme coordenando as ações ofensivas. Já Tite veio no seu híbrido 4-2-3-1 que marca em duas linhas de quatro. Esse foi o desenho tático do duelo:

 

 

No primeiro tempo, e com Jorge Henrique em campo, o time de Tite manteve a obediência tática habitual, negando espaços ao Boca e truncando o jogo. Desta forma, impediu que a equipe de Falcioni inflamasse na partida, visto que nas arquibancadas a torcida xeneize fazia a Bombonera pulsar.

O empate de 0 a 0 no primeiro tempo foi um retrato fiel do que aconteceu em campo. Com Jorge Henrique ajudando Alessandro na marcação de Erviti, Paulinho pode chegar ao ataque, sendo que quase marcou um golaço batendo de fora da área. Entretanto, a contusão de Jorge no final da primeira etapa mudou totalmente a dinâmica da partida, mudança deflagrada nos aspectos táticos e estratégicos.

Como dito, ainda no primeiro tempo Tite sacou Jorge Henrique machucado e lançou Liédson, formando outra linha de ataque. Com a entrada do luso-brasileiro, Emerson continuou na esquerda e Danilo foi para a meia direita do 4-2-3-1, deixando Alex centralizado na criação.            

Porém, essa disposição prejudicou muito o jogo do Corinthians. Foi nesse momento que o Boca cresceu e conseguiu usar o fator campo a seu favor, empurrando o time paulista para o campo de defesa, deixando a equipe de Tite acuada.

Com Danilo pela direita insistindo na centralização e Alex encaixotado na marcação de meio campo, o Timão perdeu força e volume de jogo, sendo empurrado para o campo de defesa. Cabe ressaltar que Jorge Henrique voltava como um segundo lateral, auxiliando Alessandro na marcação, atitude tomada por Emerson na esquerda, mantendo a sincronia tática do time.

Porém, quando Jorge se lesionou, e Danilo foi para a direita, acabou aquela cobertura de espaços pelo citado flanco, dando campo para Erviti, Riquelme e Mouche jogar. Ao perceber o comportamento de Danilo, Emerson também parou de acompanhar Ledesma, sobrecarregando a marcação do outro lado. Foi desta forma o Boca começou a jogar bola e tomou as rédeas da partida.

Erviti passou a atuar aberto pela esquerda, com Riquelme caindo bastante pelo setor. Aos 10 minutos do segundo tempo, preocupado com a situação desfavorável no início da etapa final, Tite pediu para que Danilo e Alex invertessem de posição. Mesmo que a intenção tenha sido aumentar o poder defensivo, com Alex ajudando Alessandro e tentando marcar Rodríguez, que começava subir ao ataque, com a mudança Tite achou um espaço interessante para conquistar um bom resultado fora de casa.

Sendo mais incisivo, Alex encontrou espaço pela direita e começou a tirar o Corinthians do campo de defesa, criando duas boas jogadas pela referida beirada do campo. Naquele momento começou a grande dúvida de Tite: colocar ou não Romarinho? O espaço pela direita já havia sido vislumbrado com Alex pelo setor. Danilo, decisivo contra o Santos, estava mal, além da atuação de gala que Romarinho teve diante do Palmeiras no domingo.

Enquanto Tite pensava, e o Corinthians tentava desafogo pela direita, aos 27 minutos, em jogada originada de um escanteio, Roncaglia pegou sobra na pequena área e marcou o primeiro gol da partida. Com o Boca dominando, e o placar de 1 a 0, parecia que a história estava começando a se complicar para o Timão.

Entretanto, aos 37 minutos brilhou a estrela de Tite. Ao invés de retrancar, se conformando e acovardando com o 1 a 0, tirou o experiente Danilo, campeão da Libertadores pelo São Paulo, e colocou Romarinho, buscando o empate de forma inesperada e ofensiva. Em pouquíssimo tempo, apenas três minutos após entrar, e em seu primeiro toque na bola, Romarinho recebeu excelente passe de Emerson, entrou na área e, a la Romário, tocou por cima do goleiro, levando Riquelme e seus companheiros ao desespero.

Brilhou a estrela de Tite e brilhou a estrela de Romarinho. A jogada de Emerson no gol também foi sensacional. Também não podemos esquecer a sorte de campeão que tem acompanhado o Corinthians na competição. Por muito pouco o Boca não marcou outro gol no final, carimbando o travessão de Cássio, com Cvitanich livre desperdiçando o rebote debaixo do gol.

Depois do excelente empate, o Corinthians se tornou mais favorito do que nunca. O Boca tinha três armas nessa decisão: a inteligência de Riquelme, o peso da camisa e a força de seu mítico estádio. Nessa primeira partida ficou para trás o fator campo, não aproveitando pelos xeneizes. A inteligência de Riquelme, como salientado, pode ser resolvida com uma marcação especial de Ralf ou Paulinho. E o peso da camisa foi relativizado, por hora, pelo jogo frio e competente do Corinthians. Creio que o Timão será campeão invicto das Américas. Nada mais justo e merecido! Abraço!

 

 

 

Victor Lamha de Oliveira