Muito bom o texto Victor, parabéns ..
Esse time dos Bávaros jogou muito bonito ontem, ta muito bem, e com certeza vai melhor ainda mais com o Götze! Falando nisso tu acha que ele se encaixa no lugar de quem nesse time Victor?
Já o Barça fio mal, não vem jogando bem o time Catalão, faz tempo já.Acho que o time precisa de algumas contratações pontuais para a próxima temporada,como um goleiro, zagueiro, meia, e dois atacantes.
BAYERN 4 x 0 BARCELONA: CHOCOLATE E AULA DE ESTRATÉGIA DOS BÁVAROS
Em belo texto para o Doentes por Futebol, Raniery Medeiros nos ensinou que a última vez que o Barcelona perdeu na posse de bola foi no dia 07/05/2008, em partida disputada contra o Real Madrid. Mesmo perdendo por 4 x 1, em jogo que serviu para comemorar o título espanhol conquistado pelos merengues na temporada 2007/2008, não houve tanta disparidade assim: Real (50,53%) e Barça (49,47%). Como bem colocado por Raniery, “foi a última vez que o Barcelona não venceu nesse quesito. Coincidência ou não, Rijkaard saiu, Guardiola assumiu, e o clube não mais foi derrotado neste aspecto”.
Em post intitulado de “Barcelona x Bayern / Real x Dortmund - Espanhóis têm os craques, alemães os times: semifinais da Liga dos Campeões sem favoritos”, André Rocha lançou o questionamento central desse duelo: o arrasador Bayern iria aceitar ficar sem a bola ou manteria sua forma de jogar buscando o predomínio da pelota? Abaixo, citação de trecho do texto em que a dúvida foi abordada:
- O campeão alemão com números históricos vive melhor momento, mas deve enfrentar um dilema: mudar a forma de jogar para adequá-la ao estilo do Barcelona, aceitando ficar sem a bola e apostando em contragolpes e jogadas aéreas? Ou tentar ser o primeiro a se impor de fato, adiantar a marcação e controlar o jogo, mas se arriscando a deixar eventualmente espaços para Messi e as infiltrações em diagonal de Villa e Pedro?
O dilema de Heynckes passava por uma escolha que poderia jogar fora a disputa pelo título: recuar as linhas ou armar o bote e partir para cima do “detentor” Barcelona? Como muito bem colocado por André no dia da feitura do texto (13/04/2013), o dilema de Heynckes era tão grande quanto a força coletiva de seu time. Como demonstrado por Gustavo Hofman, em texto já citado aqui no Painel Tático, Barcelona e Bayern possuem formas de jogar totalmente diferentes. A semelhança: o apego pela posse da bola. Abaixo os mapas de movimentação expostos por Hofman:
Como bem colocado por Hofman: “Imagem já clássica, do time que mais valoriza a posse de bola no mundo. Joga pelo centro, graças à movimentação de Lionel Messi, Xavi e Andrés Iniesta. Entre todos os classificados (para as oitavas de final da Champions), é a equipe que menos atua pelos lados do campo - tendência mundial, principalmente por causa do 4-2-3-1. Detalhe importante: é, também, o time menos agredido, que menos oferece a possibilidade de ser atacado dentro da sua área”.
“Com Thomas Müller e Franck Ribéry, o Bayern abusa das jogadas pelos lados do campo. Até porque, tem dois laterais - Philipp Lahm e David Alaba - que atacam constantemente, sendo que Lahm é o jogador que mais toca na bola, em média, pelos bávaros (90 toques, normalmente). Com Mario Mandzukic em grande fase, os cruzamentos têm sido a principal arma do Bayern que, com essa variação pelos lados, diminuiu a sobrecarga em Bastian Schweinsteiger na armação mais recuada”. Ou seja, “o Bayern força pelos lados e tem criação começando na defesa”.
Duas formas de jogar tão distintas, tão intensas e a mesma necessidade de ter a bola para ser letal. Por todos esses fatores, o duelo entre Bayern de Munique e Barcelona criou tamanha expectativa. O time alemão, com uma média de posse superior a 56% na temporada, e com surpreendente força coletiva, iria enfrentar um dos melhores times da história, que é esse Barça de Piqué, Busquets, Xavi, Iniesta e Messi. O time catalão, todo mundo já sabia como iria atuar, ficando uma pequena dúvida quanto ao posicionamento de Messi. O mais esperado, como citado, era verificar a dinâmica do Bayern.
Enfim, o duelo chegou e a dúvida foi sanada: Heynckes decidiu deixar a posse de lado. Assim, adiantou a marcação, encurtou o espaço, e tornou impossível o trabalho técnico do Barcelona, imprimindo uma intensidade alucinante ao retomar a bola. No plano tático, o time da casa veio no costumeiro 4-2-3-1 e a equipe catalã de volta ao estático e óbvio 4-3-3 (que já havia perdido para o Celtic e para o Milan nessa mesma Champions):
Bayern no 4-2-3-1 que marcava sob pressão e em severas linhas de quatro e o Barcelona no insosso 4-3-3: Mario Gómez tinha uma função defensiva importante, que foi marcar Busquets e atrapalhar ainda mais a saída de bola do adversário. Martínez anulou Iniesta e Schweinsteiger não deixou Xavi pensar o jogo catalão. Ribéry e Robben marcavam demais pelos flancos, mesmo setor onde o time bávaro imprimia sua intensidade na veloz transição ofensiva. Todos marcavam e jogavam. Com Messi andando e ponteiros que não afunilavam, a produção ofensiva do Barça foi irreconhecível.
Bastian Schweinsteiger foi o comandante do time alemão, ensinando para Felipão que a posição de volante representa muito mais do que ele pensa. Além de partir para o bote no campo do adversário, o meia alemão anulou Xavi e ainda voltava até os zagueiros para pegar a bola e iniciar o avanço ao ataque. Estatística do primeiro tempo: o Bayern realizou 13 interceptações, contra 4 do Barcelona. Schweinsteiger foi o líder com 4 bolas roubadas. Enquanto Bastian partia para interceptar os passes, Martínez era o responsável pelos desarmes. Os volantes do escrete alemão foram impecáveis na marcação e técnicos da saída da bola. Há muito tempo venho salientando aqui no Painel a importância cada vez maior dos volantes nessa concepção hodierna do 4-2-3-1.
Schweinsteiger cuidando de Xavi e dando o primeiro bote. Martínez era a referência defensiva do meio de campo, sempre à frente da zaga. Para não deixar o meio aberto, vejam que Ribéry recuava para fechar o espaço. Detalhe também para o posicionamento de Mario Gómez na marcação, improvisando uma linha de meio.
Futebol moderno e dedicação tática: todas as vezes que Alaba subia e Daniel tentava explorar o corredor, Ribéry estava em sua marcação. Robben atuou da mesma forma no flanco oposto, o que dificultava ao Barcelona jogar também pelos lados.
Aos 2’, o Bayern teve ótima chance com Robben, obrigando Valdés a fazer uma excelente defesa. Sofrendo com a marcação pressão em sua saída de bola, os blaugranas só chegaram à área dos alemães aos 8’, mas sem qualquer perigo. Marcando em bloco e com muita vontade, era visível que a função precípua de cada jogador dos bávaros era diminuir os espaços. Aos 15’, o Barcelona tinha 73% da posse de bola, o que nada representou diante da impecável estratégia de marcação montada por Heynckes.
A locomotiva de Munique se impunha com forte marcação e intensidade pelos lados ao recuperar a posse, estratégia que o PSG tentou executar e não teve competência. Aos 24’, o primeiro gol da partida: depois de cruzamento de Robben pela direita, Dante ganhou de Daniel Alves pelo alto e escorou a bola para Müller cabecear e vencer o goleiro Valdés. Sabendo da deficiência do adversário nas bolas aéreas, e da baixa estatura de seu elenco, o time alemão, inteligentemente, alçou várias bolas na cozinha espanhola.
Cabe lembrar que, até a partida de hoje, o Bayern era o time com maior média de cruzamentos por jogo na Liga dos Campeões, com 29 por partida. O futebol europeu também lança bola na área. A diferença é que não apóia todos seus pilares ofensivos na jogada aérea. A dedicação do Bayern na execução da estratégia adotada era louvável, deixando os jogadores do Barça meio atônitos com o seu dinamismo. O time espanhol tocava a bola, mas não machucava. Já o Bayern agredia quando tinha a posse, ficando barato para o time de Tito Vilanova o 1 x 0 da primeira etapa.
Na etapa inicial, o Barça teve muita posse (62%) e nenhuma efetividade, o contrário do Bayern. Messi não tinha qualquer condição de jogo, sendo um equívoco sua escalação nesse deprimente estado físico. Como citado, sem a bola o Bayern acirrava a marcação num 4-4-2 em linhas bem compacto. Ainda tinha a ajuda de Müller e, sobretudo, de Gómez, que voltava para atrapalhar a saída de jogo de Busquets. Pressionando a saída de bola do Barcelona, os bávaros conseguiam, ao recuperar a bola, explorar com velocidade as jogadas pelos flancos.
Toques na bola durante o 1º tempo. Barça preso na intermediária e Bayern explorando as pontas: entre os jogadores de linha do Barcelona, Messi foi o segundo que menos pegou na bola. Neuer não foi incomodado. Vale lembrar que o Munique é o time com menor média de defesas do goleiro na Champions. O Barcelona fechou o primeiro tempo com 62% de posse de bola e 90% de aproveitamento nos passes. Mas, só uma finalização - e sem perigo. Sem contar que o time catalão deu 420 passes, sendo somente 3 deles dentro da área do Bayern. Os donos da casa mandaram no jogo e o 1 x 0 ficou barato para os comandados de Tito. A obediência tática dos homens de frente de ambas as equipes, como Ribéry, Robben, Gómez, Pedro e Alexis foi uma bela aula para nossos atacantes. Outro detalhe: com média de 64 toques a cada 45 minutos na Champions, no primeiro tempo Xavi deu apenas 41. O motivo: a bola não encontrava seus habilidosos pés. Para encerrar, outra estatística da etapa inicial: Busquets só deu mais passes que Alexis no Barcelona. Muito inteligente a estratégia do Bayern.
A segunda etapa já começou com gol. Aos 3’, o Bayern fez o segundo. Depois de bola alçada na área por Robben em cobrança de escanteio, Müller subiu mais alto que Dani Alves e tocou de cabeça para Mario Gómez, que completou para tirar Valdés do lance. O Barcelona sofreu 14 gols nesta Liga dos Campeões, sendo 6 deles em jogadas aéreas (dois somente hoje). Sete minutos depois, Ribéry saiu na cara do gol e o atordoado Barça por pouco não levou o terceiro. A partir dos 15’, o time espanhol começou a querer impor seu jogo, tentando empurrar as linhas do Bayern para o campo de defesa.
Mas, para azar da equipe catalã, o rival gozava de uma hiperatividade invejável. A intenção era estar sempre agredindo, mesmo que em contragolpes. Aos 9’, o time alemão já tinha 3 finalizações. Já o Barcelona tinha apenas uma em 55 minutos jogados. A diferença de velocidade e intensidade era gritante. Bastian Schweinsteiger continuava impossível: 4 desarmes em apenas 12 minutos. Cercado por homens de vermelho, os blaugranas demoravam, rodavam a bola de forma enfadonha e a perdia diante da pressão alemã.
Quando Messi tentou cair pela direita, para fazer a diagonal com a canhota, lá estava Schweinsteiger para neutralizá-lo. O time de Vilanova não tinha profundidade, afinal Daniel Alves e Alba ficaram mais presos marcando os wingers do Bayern, além de Pedro e Sánchez, que não recebiam a bola, ficando também presos na recomposição. Os mapas de movimentação mostrados por Hofman já desenhavam essa intensidade pelos flancos. Tanto que os alemães encharcaram o círculo central. Quem jogaria por ali, seria o Barça.
Com o adversário querendo avançar as linhas, o técnico alemão preferiu reforçar o meio de campo e imprimir velocidade na frente. Assim, aos 25’ ele sacou Gómez e colocou Luiz Gustavo. Müller foi alocado como falso 9 e Bastian se adiantou da linha de meio para fazer a transição. Dois minutos depois, aos 27’, o terceiro gol: Robben tirou Jordi Alba para dançar pela direita. Na sequência, Müller apareceu e derrubou o espanhol, deixando o holandês livre para tocar na saída de Valdés. Segundo gol irregular dos bávaros, o que não desmerece em nada a brilhante atuação.
O mais emblemático nesse terceiro gol foi Ribéry sentando Messi no chão no início do contragolpe fulminante. Será que representou, também, a queda de uma dinastia e o nascimento de outra? Estaria, após cinco anos de domínio, neutralizada a proposta do Barcelona? Envelhecimento da geração ou “Messidependência”? A verdade é que, em campo, verificamos o massacre de uma equipe que detinha somente 35% da posse do balão. Lembrando que no terceiro gol, teve também passe açucarado de Bastian e mais uma centralização de cinema de Robben, que teve participação nos três tentos iniciais. Müller fez o pivô, justificando a alteração do comandante alemão.
E também foi Schweinsteiger que começou a jogada do quarto gol, aos 36’, enfiando a bola para Alaba que encontrou Müller livre na pequena área: 4 x 0, fora o baile. Lembrando que, nas quartas de final da Champions 2008/09, o Barcelona venceu o Bayern por 4 a 0 no jogo de ida. O troco veio em grande estilo, levando a platéia ao delírio. Mesmo com mais posse de bola, o Barcelona não era massacrado assim desde 2008, no citado jogo do passillo, última vez em que perdeu na posse de bola. Como uma máquina de jogar futebol, o Bayern desfilava uma dinâmica veloz e objetiva, como descreveu Breitner em sua recente visita ao Brasil.
No segundo tempo, continuou a marcação compacta e efetiva em linhas de quatro.
Somente aos 37’, Tito tentou mudar alguma coisa colocando Villa no lugar de Pedro. Tarde demais. O Bayern fez 4 ou mais gols em 14 partidas nessa temporada, 30% do total. E a última vez que o Barcelona perdeu por quatro gols de diferença na UCL, até o jogo de hoje, havia sido em 1997: 4 x 0 para o Dínamo de Kiev no Camp Nou (com hat-trick de Shevchenko). Outro dado: o Barça finalizou 4 vezes no jogo. Somente Schweinsteiger deu passes para 4 das 14 finalizações do Bayern. Uma palavra? Massacre. Um adjetivo para o êxito? Impressionante! Nem os erros graves do árbitro foram capazes de contestar o passeio alemão.
O jogo também foi histórico por ter sido a maior derrota da Era Messi. O time do argentino teve 63% de posse e deu 621 passes. O time coletivo do Bayern deu menos da metade dos passes (278) e correu seis quilômetros a mais. Schweinsteiger e Martínez fizeram 12 desarmes e 7 interceptações. O Barcelona inteiro teve 17 desarmes e 7 interceptações. Nessa toada, o resultado não poderia ser outro. Em jogo que terá destaque para sempre nos almanaques do futebol, um sabor especial: chocolate com cerveja. Abraço!
https://www.doentesporfutebol.com.br/2013/03/29/a-ultima-vez-do-barca-sem-a-posse-de-bola/
https://a.espn.com.br/post/316106_oito-times-oito-formas-de-se-jogar-futebol
Victor Lamha de Oliveira
Tópico: BAYERN 4 x 0 BARCELONA: CHOCOLATE E AULA DE ESTRATÉGIA DOS BÁVAROS
Bayern, tendencia só melhor ainda mais!!
Maurício | 24/04/2013
BAYERN favoritíssimo ao título
Danilo Costa | 24/04/2013
Mais uma vez um belo texto e uma bela análise (rotineiro os elogios!. Parabéns!
O time do Bayern joga numa vontade, numa disciplina q da gosto de ver, o esquema sai num 4-2-3-1, mas ao meu ver em maio parte do tempo é um 4-4-2 ou até mesmo um 4-2-4 já q os wingers sempre estão muito avançados e Müller tb, sem contar na recomposição e marcação q o Mario Gomez faz.
Time do Barcelona já tem tempo q eu venho batendo nesta tecla, está previsível, Messi dependente, precisa de um homem de área forte e alto para alguns jogos, defesa frágil, pq agora se joga com dois laterais ofensivos... mas enfim o problema tem q ser resolvido na catalunha e não por mim!!
Abração