Para de chorar pfv, mimimimimi KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
ATLÉTICO MG 4 x 1 TUPI: GOLEADA E OUSADIA MARCARAM A DERROTA CARIJÓ
O jovem time do Tupi, montado às pressas antes do Campeonato Mineiro, saiu goleado do Independência, mas de cabeça erguida. Tenho lido algumas críticas sobre a escalação de Surian contra o melhor time do Brasil na atualidade, porém discordo completamente. E vou além: quero exaltar e aplaudir a ousadia do treinador Carijó, a maior revelação do Tupi nessa competição. Buscando jogar com a bola no chão, o time de Juiz de Fora, diante de uma equipe extremamente qualificada, espelhou o esquema e não renunciou ao jogo, mostrando personalidade.
O comandante, exemplo maior dentro de uma equipe, tem uma importância que vai além dos preceitos táticos e estratégicos. E essa vontade de vencer, advinda da personalidade de seu treinador, talvez seja aquele ingrediente a mais que poderá levar o Galo Carijó a beliscar uma vaga na próxima fase. No plano tático, as duas equipes vieram no mesmo 4-2-3-1 e com estratégia bem parecida: dois meias e dois atacantes, se valendo, ambos os treinadores, daquela conhecida dinâmica de 4-2-2-2 bem peculiar no futebol brasileiro:
Painel tático do 1° tempo: Atlético no conhecido 4-2-3-1, com Ronaldinho caindo pela esquerda para jogar com Bernard e Tardelli entrando como atacante pelo flanco oposto. O estreante Josué ficou mais preso tomando conta de Vinícius e Leandro Donizete jogou mais à frente, auxiliando R10 na criação. O Tupi veio no mesmo esquema, com Genalvo colado em Ronaldinho. Assim como o Galo da capital, o Galo juiz-forano também tentava marcar em linhas quando não tinha a bola. Faltou ao Tupi ser mais incisivo e cometer menos erros no setor defensivo. E esse Atlético montado pelo Cuca dá gosto de ver jogar, desfilando em campo uma equipe entrosada, padronizada e profundamente qualificada tecnicamente.
O Atlético, como esperado, iniciou o jogo de forma intensa, porém o Tupi não se acovardou, tentando colocar a bola no chão e jogar. As trocas de posicionamento constantes da linha de três no meio atleticano embaralhavam a defesa do Tupi, mas, mesmo assim, o Carijó tentava mostrar altivez e equilibrar a partida. Até que aos 17’, Réver, em fase esplêndida, abriu o marcador: Jô fez o pivô e rolou para o zagueiro-artilheiro, que bateu colocado, com muita categoria, para abrir o placar no Independência. Foi o quinto gol de Réver na competição.
Aos 18’, o Tupi quase empatou em belo chute de Ryan, que pegou forte de fora da área, obrigando Victor a fazer grande defesa. Após o gol do Atlético, o Tupi encolheu demais, chamando o adversário para sua intermediária, o que foi aproveitado pelo talentoso Galo da capital. Aos 25’, Ronaldinho Gaúcho cobrou falta no travessão. No rebote, Jô subiu mais alto que o goleiro Tadeu e, de cabeça, fez o segundo do time de Cuca no Independência. Foi a terceira falha seguida em três jogos do arqueiro Carijó. Cadê o Jordan, Surian? Não agüentamos mais esperar!
Após um choque com o zagueiro Thales, Bernard levou a pior e acabou deslocando o ombro ao cair no chão. Sentindo dores, foi substituído por Luan, que ocupou sua mesma posição no tablado, jogando pelo flanco esquerdo do 4-2-3-1 atleticano. Após os dois gols, o Atlético continuou perigoso e o Tupi procurando, com Paulinho pela direita, reter a bola na frente e jogar mais no campo do adversário, tarefa difícil diante de uma equipe padronizada e muito superior tecnicamente. Surian precisava mudar se almejasse algo melhor na etapa complementar.
Surian fez duas alterações durante o intervalo: saíram Maicon Douglas e Paulinho, entrando Maguinho e Ygor em seus lugares. Com isso, voltou o Tupi com duas linhas mais nítidas para o segundo tempo, mesmo na transição ofensiva, ficando Rafael Assis espetado pela direita para puxar o contragolpe e Ygor centralizando para auxiliar Vinícius na criação. O Atlético voltou ainda mais ofensivo, com os volantes mais soltos e Richarlyson mais preso para Marcos Rocha centralizar e subir ao ataque, repetindo a conhecida dinâmica de 3-4-3 da equipe. As contínuas e intensas trocas de posicionamento entre Ronaldinho e Tardelli fizeram a zaga do Tupi bater cabeça e ficar vulnerável às tabelas e infiltrações.
No intervalo campeão da Rádio Globo, Genalvo disse para Bruno Ribeiro que a orientação de Surian nos vestiários para a equipe foi a seguinte: “tentar segurar, ao máximo, a bola no campo ofensivo para aliviar o setor defensivo”. Em campo, ficou visível o Tupi alinhado num 4-4-2 britânico e iniciando a segunda etapa com personalidade, tentando avançar as linhas para o campo atleticano, sempre com a bola no chão. Enfrentar esse Atlético, invicto há 42 partidas como mandante, dessa forma, demonstrou louvável atitude da comissão técnica.
Como Paulinho é mais lento, mais cadenciado, Surian optou o trocar por Ygor, jogador mais veloz e que, apesar da facilidade de jogar pelo flanco, também centraliza muito bem na armação de jogadas. Entretanto, o apagado camisa 10 Carijó, apesar da sonolenta atuação no primeiro tempo, era aquele jogador do time que estava fazendo a retenção da bola no campo ofensivo. Lembrando que Wesley, outro jogador que tem essa função, ficou enlatado entre os zagueiros atleticanos e também não conseguiu cumprir a missão. Assim, a bola não ficava na frente, o que convidou o Atlético ao ataque.
Partindo para cima, e com Ronaldinho inspirado, aos 13’, Jô cruzou para Josué que, livre dentro da pequena área, apenas empurrou para as redes de Tadeu. Atordoado, o time juiz-forano começou a ser bombardeado, ficando perdido na marcação. Aos 18’, mais um gol, verdadeiro golaço de Ronaldinho Gaúcho. Tardelli rolou para Jô, que fez o corta-luz e deixou a bola para o dentuço. Com a conhecida categoria, Ronaldo deu um tapa no canto, sem chances para Tadeu. Com a equipe completamente instável em campo, e agora preocupado com o saldo de gols, Surian tirou Vinícius e colocou Assis, redesenhando o Tupi num 4-3-1-2. O problema não foi ousar, mas sim o momento do adversário e de seu maior craque.
Terceira e última versão do Tupi na partida: após o quarto gol atleticano, Surian resolveu fechar o meio e evitar uma goleada ainda maior. Assim, sacou Vinícius e colocou Assis, desenhando em campo um 4-3-1-2. Na transição ofensiva, Ygor buscava o flanco esquerdo e Maguinho subia até a intermediária para auxiliar na criação, montando, por vezes, um 4-3-3. Com as saídas de Tardelli e Ronaldinho, os melhores em campo, o Atlético perdeu aquele ritmo alucinante e a partida ficou mais equilibrada. Entraram na vaga dos citados atletas Alecsandro e Guilherme.
Após as saídas de Ronaldinho e Tardelli, os melhores em campo, o ritmo diminuiu bastante e a partida ficou mais equilibrada. O 4-3-1-2 de Surian conseguiu marcar bem os meias laterais do Atlético e embolar o centro, atrapalhando o trabalho ofensivo do time de Cuca. Aos 43‘, o Carijó ainda conseguiu fazer um belo gol de honra com Alonso, o “touro sentado”. O lateral do Tupi usou arma de Ronaldinho e bateu a falta por baixo da barreira, com muita categoria. Belo gol do Tupi, honrando a ousadia e a entrega da equipe na partida.
Futebol é algo subjetivo e cada um o enxerga de uma forma, mas eu me enquadro naquele time dos amantes do futebol ofensivo, ousado e bem jogado. Alguns entenderam que Surian deveria ter entrado com três volantes, outros que Surian foi ousado e inteligente ao não encher a equipe com cabeças de área, mantendo o time titular. Como dito, me enquadro no segundo grupo e gostei demais da escolha tática do treinador, que tentou possibilitar ao time, dentro de suas limitações, a chance de vencer. E isso contra a melhor equipe do país. E dentro do seu caldeirão.
Se o juiz tivesse marcado o pênalti claro de Richarlyson em cima de Ryan, no início da partida, talvez a história fosse outra. Se Tadeu não tivesse falhado, novamente de forma patética, talvez a história fosse outra. Se o chute de Ryan tivesse entrado, também poderia mudar tudo. Faltou também um pouco de sorte e uma pitada de experiência ao Carijó, que já contava com a derrota em suas contas para a classificação. Perguntado por Bruno Ribeiro ao final da partida, se a escalação com três volantes daria mais consistência defensiva ao time, declarou Surian:
- O Atlético teve espaço porque os volantes, assim como o time do Tupi, recuaram muito após o primeiro gol do adversário. Com a pressão do oponente, o time acabou desguarnecido na intermediária. Preferi entrar com os dois meias (Paulinho e Vinícius, o que comprova a dinâmica de 4-2-2-2 do 4-2-3-1 Carijó). O Tupi sempre joga para vencer.
Agora é vencer o jogo contra o Araxá no sábado, em Juiz de Fora, para partir forte contra a Tombense, duelo que vai ser disputado em Tombos. O clássico da Zona da Mata será, caso o Tupi vença o Araxá, um verdadeiro confronto direto pela vaga no G4. O último jogo do Tupi na primeira fase terá o Cruzeiro como oponente em Juiz de Fora, disputa em que o Galo não pode contar com os três pontos. Entretanto, se vencer os dois próximos adversários, o alvinegro juiz-forano tem grande chance de beliscar uma vaga nas semifinais do Campeonato Mineiro.
A goleada coaduna com a realidade técnica das equipes, mas não com a entrega do time e a ousadia tática de Surian. Agora é manter essa sede de vitórias e engrenar nessa reta final do campeonato. Como está livre do rebaixamento, o Tupi pode mergulhar, sem freio, na busca pela classificação. O time, jovem e habilidoso, não pode abaixar a cabeça por causa da goleada. O certo é ter a mesma convicção que seu treinador teve diante do Atlético em Belo Horizonte: podemos vencer. Nessa toada, dirá o Carijó apaixonado: devemos vencer! Ainda confio bastante na classificação. Abraço!
Victor Lamha de Oliveira