1, 2, 3... o Boca é freguês! Flu, com invasão tricolor na Bombonera, acaba com a invencibilidade xeneize

07/03/2012 21:37

1, 2, 3... o Boca é freguês! Flu, com invasão tricolor na Bombonera, acaba com a invencibilidade xeneize

 

Confesso que temia a possibilidade de ver o Fluminense escalado numa retranca. Com a dúvida sobre as condições físicas de Thiago Neves, e pelo fato do jogo ser, na monstruosa caixa de bombom, fiquei em dúvida até a divulgação da escalação. Se Neves não tivesse condições de jogo, poderia valer-se Abelão de um 4-3-1-2 retranqueiro, que contaria com Edinho, Valencia e Diguinho, como volantes, e Deco como uma espécie de  enganche no meio tricolor. Mas Abel, de forma correta, manteve o time que conquistou a Taça Guanabara, sendo presenteado com a vitória. O treinador saiu de campo vitorioso porque foi ousado, primando pelo padrão de jogo e pela ofensividade.

Como previsto, em post anterior, o Fluminense veio no seu 4-2-3-1 e o Boca no seu argentino 4-3-1-2, com Riquelme sendo o ponto de referência da engrenagem xeneize. Falcione também foi fiel ao padrão de jogo que lhe rendeu tamanha invencibilidade, não mudando a estratégia utilizada comumente pela sua equipe. Essa foi a escalação e a disposição tática das equipes durante a maior parte do duelo:

 

Boca no seu habitual 4-3-1-2, com Riquelme liderando as ações de ataque e se movimentando pelos dois lados do campo. Flu também no seu habitual 4-2-3-1, com Valencia colado em Riquelme e Diguinho guarnecendo a zaga. Na frente, o brilho e a técnica da dupla Deco e Fred.

 

Durante a transmissão da Rede Globo, Luís Roberto e Júnior comentaram que, no treinamento do time, Abel posicionou Lanzini como se fosse Riquelme no time reserva, justamente para treinar Valencia na marcação individual do craque do Boca. E deu certo, apesar do jogador ter tido espaço em muitas oportunidades durante a partida. Esse foi outro grande acerto de Abel, que ontem teve muito mérito no êxito logrado pelo time carioca.

Outro fato que marcou essa histórica vitória tricolor, cada vez mais tradicional no torneio sul-americano, foi a invasão da torcida em Buenos Aires, fato admirado pelos próprios argentinos, reconhecidamente torcedores apaixonados. Cerca de 3.500 tricolores foram para a capital argentina, assim como cantaram durante todo o jogo. Em reportagem publicada hoje, no site do globoesporte.com, foi descrita a redenção da imprensa hermana diante do triunfo tricolor. Vale a pena conferir: “Flu: O pior convidado”:

 

“(...) A imprensa argentina se rendeu ao Fluminense nesta quinta-feira, na repercussão da vitória sobre o Boca Juniors por 2 a 1 pela Taça Libertadores, e fez críticas, principalmente, à defesa xeneize e ao nível do futebol argentino como um todo. O fato da invencibilidade de 36 jogos do clube argentino ter acabado também ganhou destaque.

No diário "Olé", o Tricolor foi chamado de "o pior convidado", com direito a um trocadilho através da inclusão da letra "c" na palavra "invitado", que remete à quebra da série invicta. O jornal ressaltou que o time brasileiro foi mais inteligente e elegeu Fred para o "Prêmio Maradona", dado ao craque da partida. O jovem atacante Wellington Nem não foi esquecido e ganhou um prêmio por não ter se intimidado com a defesa hermana. Segundo o periódico, toda vez em que defrontou os defensores, o tricolor levou a melhor.

 

A torcida do Fluminense também foi lembrada pelo "Olé". Ela ficou com o "Prêmio Gandhi": "O Rio se muda para La Boca: cerca de 3.500 brasileiros cruzaram a fronteira para Buenos Aires e não pararam de cantar", dizia o jornal em referência ao bairro onde fica a Bombonera, tomado pelos tricolores.

Uma página inteira foi dedicada ao "toque europeu do Fluminense", com uma análise sobre as atuações de Deco e Fred: "Oportunismo, capacidade e experiência são os adjetivos para os jogadores que definiram a vitória". Além disso, na crônica da partida, questionaram a qualidade do Boca e do futebol argentino, já que, dos 36 jogos em que o time ficou invicto, 35 foram contra times argentinos. Apenas um foi na Libertadores, mas contra o Zamora, um adversário considerado fraco.

Já no "Clarín", a matéria principal falava sobre a queda da invencibilidade: "Um dia perdeu...", abria o periódico criticando o Boca por ter saído com a derrota justamente em um duelo considerado chave. O diário afirmou também que o Fluminense não deu margem para uma vitória xeneize e que, apesar de não ter atacado muito, o Tricolor não perdoou quando chegou. Para o periódico, o resultado complicou o caminho do Boca. O técnico Falcioni diz que os jogos contra o Arsenal de Sarandí serão "duas finais".

A torcida do Flu também foi exaltada com a expressão "cor brasileira". Autor de um dos gols e da assistência para o de Fred, Deco foi elogiado. Além disso, há uma declaração do jogador em que ele garante ter falado "por chat" com Lionel Messi. O hermano teria desejado boa sorte ao apoiador, já que os dois são amigos da época em que o luso-brasileiro jogava no Barcelona.

O "Clarín" fecha com o tradicional semáforo de trânsito para analisar atuações. O vermelho ficou para o goleiro do Boca, Agustín Orión, que não conseguiu evitar os gols do rival. O amarelo foi para Somoza que, apesar de marcar, "bateu muito". O verde foi para Deco, o "amigo do Messi". . https://globoesporte.globo.com/futebol/times/fluminense/noticia/2012/03/jornais-argentinos-exaltam-fred-deco-e-forca-do-flu-pior-convidado.html

Com certeza essa foi uma vitória não só do Fluminense, mas do futebol brasileiro como um todo, que hoje sobra dentro do futebol sul-americano. A única coisa que o Fluminense fez foi desfilar sua superioridade, mesmo não jogando tão bem como poderia. Resta ao Boca se reerguer e tentar sua classificação, dificultada pelo resultado adverso, algo que não seria bom para os clubes brasileiros. Que fique na primeira fase!

 

Fonte: globoesporte.com

 

 

 

 

Victor Lamha de Oliveira