A SEMELHANÇA TÁTICA ENTRE CORINTHIANS E GRÉCIA: UMA QUESTÃO DE OBEDIÊNCIA

17/06/2012 02:27

 

O Corinthians de Tite, atualmente, é a equipe mais bem treinada do futebol brasileiro. Isso pelo grau de obediência tática que o time apresenta, sendo este o fator de seu sucesso. Fazer um gol no Timão tem sido tarefa difícil para os adversários. Na quarta, contra o Santos, mais um show de compactação e disciplina, pilares de uma vitória imponente na Vila Belmiro. Acho que podemos classificar o 4-2-3-1 corintiano de “camaleão”. O desenho tático é do citado esquema, formação base da estratégia de Tite. Entretanto, tudo muda de acordo com a circunstância do jogo.

Quando o time está sem a bola, Emerson e, principalmente Jorge Henrique, voltam fechando o meio e marcando os laterais adversários, formando verdadeira linha de quatro na marcação com Ralf e Paulinho. Por isso a dificuldade de penetração dos adversários, afinal Tite tem conseguido compactar bastante suas duas linhas de marcação.

Em outra situação, detendo a posse da bola, o 4-2-3-1 vira uma espécie de 4-1-4-1, com Paulinho se juntando à linha de meias e Sheik virando, praticamente, um segundo atacante. O Corinthians está perfeito no aspecto coletivo, sendo que esta virtude tem tornado o time um mestre na arte de negar espaço ao adversário, o que, precipuamente, tem tornado a equipe vencedora. Esse é o 4-2-3-1 corintiano, com faceta de 4-4-2 em duas linhas de quatro e jeito de 4-1-4-1:

 

 

Do outro lado do Atlântico, nas terras do Velho Mundo, uma equipe europeia surpreendeu na Euro2012 sustentada nos mesmos dogmas. A seleção da Grécia desbancou os russos e os poloneses e se classificou para as quartas de final, mantendo assim o sonho de repetir a campanha histórica de 2004, quando conquistou o título da Eurocopa disputada em Portugal. O interessante é que a seleção grega também possuí uma espécie de “4-2-3-1 camaleão”, afinal quando o time está sem a posse de bola, também marca com duas linhas de quatro. Esse é o desenho tático da equipe grega:

 

 

E essa mutação defensiva do 4-2-3-1 tem sido muito positiva, tanto para o Corinthians quanto para a Grécia. Seus elencos, não eivados de muita qualidade técnica, estão se destacando pela disciplina tática e pela solidez na marcação, proporcionada pela compactação das duas linhas de quatro. Corinthians e Grécia usam uma mesma receita básica: uma retranca que trabalha a bola e nega espaço ao adversário, o que torna o jogo enfadonho, extremamente cansativo, quase uma partida de xadrez. Assim, depois de frear o adversário, vencem apoiados em duas virtudes: persistência e obediência tática constante. Um abraço e obrigado pela visita!

 

 

 

 

Victor Lamha de Oliveira